segunda-feira, 15 de junho de 2009

Falso moralismo não dá!


Piracicaba é uma cidade para velhos. O jovem aqui não tem vez. Novas propostas não são bem vindas. É a cidade com o medo do desconhecido. Não atrapalhem nosso sossego. Está tudo ótimo do jeito que está.

Estava eu no fim-de-semana passado com uns amigos DJs discotecando no coreto da principal praça da cidade. A secretaria de turismo nos abriu este espaço para mostrarmos nosso trabalho. Ficamos empolgados e agradecidos pela oportunidade. Algo que a cidade estava precisando e nós não tínhamos muitas esperanças de acontecer.

No momento em que eu estava nas pick ups, uma funcionária da secretaria me chamou e pediu para eu abaixar o volume do som. O som não estava alto. O equipamento que estávamos usando era o nosso próprio, e nós não temos caixas de som tão potentes para um espaço amplo e aberto. Concordei mesmo assim, mas ela quis conversar comigo de canto ainda. Larguei o meu posto e fui ouvir o que ela queria. Ele me disse que não devíamos estar bebendo ali no coreto. Falou isto com uma expressão de desaprovo bem visível no rosto. Perguntei por que não deveríamos estar bebendo ali. Ela respondeu dizendo que ali é praça pública. Pois bem. Estaria eu nos EUA? Desde quando é ilegal consumir bebidas alcoólicas publicamente no Brasil? Pois então. Ilegal não é, mas é imoral. Ela completou ainda dizendo que várias pessoas a tinham procurado e se referido ao fato de estarmos bebendo ali. Fiquei extremamente irritada com a advertência, afinal, nós estávamos ali oferecendo música de graça, tínhamos levado nosso próprio equipamento, não estávamos recebendo nada por aquilo e tampouco a prefeitura estava custeando a minha cerveja. Perdi o tesão e parei de discotecar naquele momento.

Eu compreendo até uma certa preocupação com a influência que possamos talvez exercer na vida das pessoas, mas não aceito que a preocupação fique restrita ao incentivo que nós DJs possamos dar em relação ao consumo de bebidas alcoólicas à população e não se extenda ao fato de termos 2 dos botecos mais “furrecas” da cidade de frente pra esta praça e ao fato de as próprias barraquinhas da feira de artesanato organizada pela secretaria de turismo disponibilizarem bebidas alcoólicas ao público, em praça pública, ou ainda, se puder ir mais longe, à permissão para que as empresas produtoras e importadoras de bebidas alcoólicas possam não só divulgar como criar a necessidade de seus produtos no consumidor através das redes de TV, maior e mais eficiente veículo de comunicação e que mais exerce influência, o mesmo responsável pela divulgação de medicamentos vendidos sem controle. Vista grossa para alguns, pente fino no resto!

É por estes motivos que não aceito esta advertência recebida como sendo um caso de preocupação social legítima, mas sim como mais uma demonstração de hipocrisia, falso moralismo e preconceito contra o jovem e suas manifestações artísticas diferenciadas.

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